sexta-feira, 24 de julho de 2009

Considerações sobre "amigo"

Bem, nos meus 31 anos de vida e após inúmeras experiências interpessoais posso, finalmente, começar uma definição a cerca da palavra (e do ser em si): "amigo".
Não se trata de algo muito complexo ou que requeira instruções acadêmicas para entendê-la. Basta uma simples reflexão sobre atitudes para uma assimilação proveitosa do que quero dizer.
Para começar, "amigo" para a maioria das pessoas é aquele indivíduo capaz de fazer qualquer coisa para ajudá-lo (conceito bem amplo). O dicionário definie a palavra como: "s.m. Pessoa a quem se está ligado por uma afeição recíproca: conservar, visitar os amigos. / Pessoa que aprecia, que gosta de alguma coisa: amigo da verdade, dos livros. / Pop. Amásio, companheiro. / ; Adj. Que tem gosto, amizade a: ser amigo das artes. / Aliado: povo amigo. / Propício, favorável: mão amiga. // Amigo do alheio, ladrão. // Ação entre amigos, rifa." A primeira definição é a que gostaria de comentar.
"Pessoa a quem se está ligado por uma afeição recíproca"... isso o define em sentido estrito. Amigo, no meu modesto ponto de vista, é muito mais que isso. Amigos nesse sentido estrito tenho aos montes ... melhor seria chamá-los colegas, pois trata-se apenas de uma afeição recíproca. Por "afeição recíproca" tenho, por exemplo, meus cachorros... gosto deles e eles de mim. (Pelo menos até hoje não se rebelaram e não me morderam tampouco!).
Amigo é muito mais que essa simples afeição. Amigo é alguém que supera barreiras particulares, que abre mão de alguma coisa em prol do outro. Por exemplo: você está atolado de problemas e pede a um amigo que cuide de algumas coisas importantes para você. Esse, sem pestanejar, o faz e com alegria por estar ajudando. Isso é ser "amigo".
Mas infelizmente não os tenho. Seria uma injustiça enumerar apenas 4 ou 5 ... se é que chegam a esse número. Mas vamos considerar os fatos para atetarmos se tenho ou não razão em apresentar um número tão ínfimo de seres.
"Amigo" que liga dizendo que quer sair (quando ligam, porque na maioria das vezes tudo não passa de um pífia conversa) e depois não retorna mais a ligação - não é amigo - é colega.
"Amigo" que trabalha e tem vários contatos profissionais, mas não repassa nenhum deles a você ou, pior, se o faz, o faz como uma obrigação - não é amigo - é colega.
"Amigo" que lhe pede alguma coisa e você, considerando-o amigo mesmo, providencia o mais rápido possível tal ajuda... para no final não receber um simples obrigado - não é amigo - é colega (e ainda está fazendo você de bobo).
"Amigo" que não lhe demonstra carinho, que não compartilha com você nem mesmo os seus bons momentos (por exemplo: ele foi promovido no serviço e você só fica sabendo disso numa conversa à toa num bar à meia-noite de sábado ... e ele ainda diz que faz muito pouco tempo ... como quem quer dizer: não é da sua conta... você que fique com seus problemas... não tenho nada a ver com isso... se você conseguiu ou não alguma coisa não me diz respeito) - não é amigo - nem colega... na verdade não há definição.
"Amigo" que fica sabendo por terceiros (porque é incapaz de pegar o telefone e te ligar perguntando como é que você está) que alguém da sua família está com problemas de saúde e apenas diz que se precisar é só ligar - não é amigo - é colega.
Não tive muitas experiências reais de amizade, sempre fui uma pessoa muito reservada (apesar de ser brincalhona), mas de uns tempos para cá estive observando esses e vários outros comportamentos humanos e tenho chegado à conclusão de que na vida, na hora H, o que vale é cada um por sim (nem sei se Deus por todos, porque o Altíssimo deve estar um pouco decepcionado com suas criaturas). Não interessa o que você é, na maioria das vezes, quem você é também não vale de nada. Isso não somente em relação a terceiros... dentro das famílias (não todas, claro) isso é um fato corriqueiro.
Aprendi a ficar por conta nessa vida, por assim estou hoje em dia... com quem contar? Ó dúvida cruel!!! Não contar com ninguém é mais seguro e bem menos desgastante. Aprendi que dizer a verdade pode ser algo extremamente perigoso... melhor é manter as aparências... é fingir que nada aconteceu...
Tenho 31 anos e sei que vou me decepcionar ainda mais, pelo menos estou bem mais calejada... não procuro ninguém para que ninguém se sinta obrigado a me dar bom dia na rua numa quarta-feira à tarde. Não conto com ninguém porque resolvi que não precisam contar comigo ... detesto sumariamente dever favores. Não ligo para ninguém porque ninguém se importa (está parecendo conversa de gente mimada, mas é a realidade, só isso). Enfim ... faço a minha parte sem depender dos outros... amanhã se alguém precisar de mim ... essa pessoa saberá que fiz de tudo... ajudarei, mesmo que ela não mereça.
Sei que muitas pessoas passam por isso... uma incrível desilusão de não poder contar com "amigos", mas digo a elas que se mantenham firmes... façam o que for necessário para vocês e não esqueçam que tudo na vida tem um retorno. Não hajam como eles... façam o de vocês ... só isso.
Se eu fosse contar tudo de terrível que pode acontecer num círculo de 10 ou 15 pessoas ... o mundo já estaria condenado às trevas ...

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