segunda-feira, 29 de março de 2010

Minha experiência com a síndrome do pânico

Tenho sentido sintomas de pânico desde a faculdade de direito. Lembro-me que, minha primeira crise, foi num intervalo de aulas, quando olhei para baixo (estava no 3º andar) e tive uma tontura séria, uma impressão de queda e morte.
Desse dia em diante fiz uma via sacra em cardiologistas, neurologistas, até chegar em um médico de Campinas, que finalmente diagnosticou meu problema como síndrome do pânico.
A sensação que se tem no momento da crise é horrível. O corpo parece não mais obedecer, o coração dispara, há falta de ar, suor frio e a nítida sensação de que a morte está bem próxima e que não há saída para tudo aquilo. É horripilante, algo que não se deseja a ninguém. Você perde completamente o controle da sua vida.
Em crise, eu não consigo parar quieta, começo a dizer repetidas vezes, que vou morrer, que não agüento mais aquilo, que não tenho forças para suportar. Peço a alguém que me leve para o hospital mais próximo (já cheguei a atravessar toda a cidade dirigindo, só para poder entrar no hospital em que tenho convênio. Cada sinal fechado era uma tortura sem fim). Peço a pessoa que não me deixe, que não permita que eu morra, que me ampare e me dê alguma saída.
As pessoas que não sabem lidar com a situação, inicialmente se apavoram também, por pensarem que estou tendo crises de infarto ou algo assim. Mas sempre deixo claro a todos que me conhecem que tenho síndrome do pânico e que, caso eu venha a ter uma crise perto delas, que apenas tentem me acalmar, ou me levar a algum lugar em que me sinta segura (geralmente só o hospital mesmo).
Essas crises vêm do nada, posso estar em casa, à toa, assistindo televisão e de repente: lá está ela tomando conta de mim novamente. Podem ocorrer na rua, em lugares cheios e fechados, em companhia de estranhos, em companhia de conhecidos, no meio do expediente, depois de um delicioso jantar, durante uma simples caminhada, enfim, essa síndrome não escolhe hora nem local para acontecer.
Em crise, além dos sintomas somáticos, como suor e taquicardia, fico com o pensamento em looping, ou seja, uma idéia fixa (geralmente ruim) que não sai da cabeça por nada e que só agrava a crise. Parece que não há saída alguma e que tudo o que vivi foi em vão.
Descobri, através de textos espíritas que isso não se trata de obsessão, propriamente dita. Se a pessoa for médium ela poderá desenvolver crises de pânico um pouco mais acentuadas, por interferência de espíritos não muito evoluídos que se aproveitam da situação para brincarem. O mais provável, verificado em regressões, é o fato da maioria das pessoas que apresentam síndrome do pânico, terem tido uma morte violenta e/ou terem cometido suicídio, ficando gravada no perispírito essa sensação de morte.
Não sei se me matei ou se morri de forma violenta. O que passou agora não importa. Preciso realmente de tratamento medicamentosos. Eles ajudam muito, não viciam e você consegui conviver bem com a sua rotina.
Também estou aprendendo a não levar as coisas a ferro e fogo, como dizem. Estou deixando a mania de perfeição de lado, procuro não pensar no dia de amanhã. Busco não planejar o resultado das coisas como eu gostaria que acontecessem. Tenho esquecer meus problemas e não ir dormir com nenhum deles.
Desde que compreendi que da vida nada se leva, já fiz algumas evoluções mentais, tais como: não me preocupar com o dinheiro de forma excessiva, não deixar de ter ou curtir alguma coisas só para deixar para outro dia, sempre dizer a quem eu amo que realmente o amo. Nunca deixar de ajudar alguém, entre outras coisas. É um processo demorado, cansativo, mas que dá resultados a médio e longo prazo.
Uma coisa que não consegui ainda foi estabelecer uma rotina de atividades físicas. Elas são fundamentais para um portador de síndrome do pânico, porque auxiliam na produção de serotonina, hormônio responsável pela sensação de prazer e bem estar. Isso eu preciso resolver, mas já estou pensando em me matricular numa academia de tênis.
Outra questão também que preciso resolver, é o fato de misturar álcool com os remédios para pânico. O dr. Jairo já me disse que fisicamente não há problemas mais sérios nessa interação. A questão fundamental é que o álcool agrava as crises, principalmente no dia seguinte, pois é um inibidor da produção de hormônios fundamentais ao bem estar, além de ter efeitos depressivos.
Bom, estou na luta. Só queria relatar essa questão, porque sei que muitas pessoas passam ou podem vir a passar com isso e deixar claro que a síndrome do pânico, por pior que seja, não mata, você não vai morrer, procure relaxar, fazer algum cálculo matemático, jogar vídeo game, conversar, sair da sua casa, qualquer coisa que faça com que sua mente se distraia e saia daquela loucura.
Tenho feito isso e muito mais.

3 comentários:

  1. helena,
    gostaria muito de saber o nome do médico que deu o diagnóstico certo a vc aqui de Campinas. Seria isso possivel? Meu email loli2001@terra.com.br

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  2. passo pelos mesmos problemas... poderiamos conversar? hazardbmx@gmail.com

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  3. Oi! Nossa, eu AMEI o seu texto, eu tbm tenho essas crises e que me deixam maluca, tenho apenas 15 anos, estou na luta tbm dia após dia... Seu texto foi ótimo e eu me identifiquei muito com ele... Nossa, obrigado pelo texto.. Achei demais. Beijos

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